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Panorama da procura de petróleo na Ásia- China e Índia

Durante décadas, o mercado global do petróleo dançou ao som de um grande interveniente: a China. A nação mais populosa do mundo tem sido uma força fundamental na definição da dinâmica da indústria petrolífera. No entanto, previsões recentes sugerem que o apetite insaciável da China pode estar chegando ao seu pico. 

A voz da mudança no mercado petrolífero está a tornar-se mais alta. Especialistas em energia, como Fereidun Fesharaki da Facts Global Energy e analistas da Wood Mackenzie, prevêem que a procura de petróleo na China atingirá o pico nos próximos anos. Fesharaki afirma corajosamente que “a história está chegando ao fim”, sugerindo um ponto de virada significativo, e a Wood Mackenzie fixa o pico potencial por volta de 2027, seguido por um declínio na procura de petróleo bruto.

Esta previsão está ligada aos objetivos ambiciosos da China no domínio da sustentabilidade ambiental. Em 2020, o país anunciou a sua intenção de alcançar a neutralidade de carbono até 2060, com uma meta provisória de pico de emissões de carbono até 2030. Estes objetivos exigem uma redução no consumo de combustíveis fósseis, incluindo petróleo.

Índia: o novo centro de crescimento da procura de petróleo

À medida que a procura de petróleo refinado da China entra numa fase de estagnação e declínio, outro gigante asiático está pronto para assumir a liderança. A Índia, com a sua economia em expansão e uma classe média em rápido crescimento, deverá tornar-se o maior centro de crescimento da procura de petróleo até ao final desta década. De acordo com especialistas do setor, incluindo Xia, da Wood Mackenzie, a economia da Índia deverá crescer, tornando-se a terceira maior do mundo até 2030.

A história de crescimento da Índia não se trata apenas de quantidade, mas também de qualidade. Fontes de energia mais limpas estão gradualmente substituindo as convencionais. À medida que a China muda o seu foco para as energias renováveis ​​e o gás natural, espera-se que a Índia preencha o vazio deixado pelo declínio do consumo de petróleo do seu vizinho. Esta mudança marca uma transformação significativa no panorama da procura de petróleo na Ásia.

Opiniões divergentes sobre a procura de petróleo na China

Embora muitos especialistas prevejam que a procura de petróleo por parte da China irá diminuir nos próximos anos, nem todos concordam. Alguns, como Yaw Yan Chong, da LSEG Oil Research in Asia, argumentam que a busca da China por petróleo puro persistirá até atingir sua meta de emissão líquida zero de carbono até 2060. Eles apontam para o crescimento explosivo na adoção de veículos elétricos (EV), que poderia reduzir a necessidade de gasolina e diesel. Além disso, em termos de produção de energia, a China depende fortemente do carvão e apenas moderadamente do petróleo.

Bob McNally, presidente do Rapidan Energy Group, partilha uma opinião semelhante, sublinhando que sem avanços significativos em fontes de energia alternativas ou grandes descobertas de gás, a procura de petróleo da China poderá persistir por mais algumas décadas. Embora a taxa de crescimento possa abrandar, a trajetória permanece ascendente.

A dependência dos mercados petrolíferos globais em relação à China tem sido uma característica determinante há décadas. No entanto, à medida que a procura da China pela sustentabilidade ambiental ganha impulso, espera-se que a procura de petróleo atinja o seu apogeu num futuro próximo. Esta mudança abre oportunidades para que outras economias emergentes, como a Índia, se tornem intervenientes dominantes no mercado petrolífero. 

No entanto, a divergência de opiniões de especialistas realça a incerteza desta transição. Se a procura de petróleo da China atingirá verdadeiramente o pico nos próximos anos ou se persistirá durante décadas continua a ser um assunto em debate. À medida que o mundo observa o desenrolar destes desenvolvimentos, o futuro dos mercados petrolíferos globais está em jogo.



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