Mercados de ações não estão preparados para suportar uma jornada de recuperação econômica prolongada pós-COVID-19

Pode levar um longo período até que a economia mundial volte ao normal após a crise decorrente da COVID-19. Os mercados de ações em todo o mundo revelam estar despreparados para suportar sua jornada de recuperação, afirma um analista.

Conversando com a Squawk Box Europe da CNBC, o economista-chefe do Saxobank Steen Jakobsen fez algumas declarações. Ele disse que, embora a curva para novas infecções por Coronavírus esteja se achatando, abrir a economia novamente será um desafio.

“O mercado está comemorando, e com razão, que temos um achatamento fora da curva agora em termos de pessoas infectadas, mas o verdadeiro drama econômico será quando chegarmos ao outro lado disso, porque a abertura será necessária após meses e meses.

“Os primeiros três meses de 2020 fizeram com que os mercados de ações mergulhassem coletivamente. Isso ocorreu devido ao crescimento das taxas de infecção por coronavírus em todo o mundo. Tanto o Índice S&P 500 como o Dow Jones Industrial Average caíram 20%, levando a economia dos EUA a uma recessão, que os economistas denominaram como a pior da história moderna dos EUA.

Segundo a Pesquisa Global do Bank of America, a aspereza do desemprego em massa é bastante grave. Poderia regredir a economia dos EUA em 7% no primeiro trimestre, 30% no 2T e 1% no 3T. No entanto, no quarto trimestre, o declínio chegará a 10,4%. Isso seria cinco vezes pior do que a era do pós-guerra.

Economistas expressam opiniões contrárias sobre a recuperação econômica pós-pandemia

Jakobsen é um dos analistas que expressa uma visão pessimista da jornada de recuperação econômica. Ele afirmou que locais fechados com alto tráfego humano, como shoppings, eventos esportivos e aeroportos, ainda não serão totalmente reabertos. Evidentemente, isso ocorre porque são áreas com alta taxa de infecção. A economia estaria, portanto, funcionando em torno de 60 a 90%.

No Pacífico Asiático, vários índices de ações começaram a ganhar na primeira semana de abril. Isso ocorre após a crescente esperança de casos de infecção mais lentos em países como China e Japão. A economia da China, que começou a reabrir seus negócios em março, está com funcionamento de 90%. No entanto, o tráfego de pedestres e os aeroportos são inferiores a 50% e 20%, respectivamente.

“Então, vai demorar muito tempo, e o impacto econômico não é contabilizado no mercado de ações no momento”.

Outros analistas, no entanto, estão mais otimistas e acreditam que a economia levará um tempo para se recuperar. Um desses analistas é Arnab Das, da Invesco, que afirmou que a economia terá um retorno em forma de V.

“Devemos esperar ver algo talvez mais parecido com uma raiz quadrada, onde temos um retorno em forma de V, e então as coisas se acalmam e gradualmente se recuperam novamente”.

O fundador e CEO da Destination Wealth Management, Michael Yoshikami, também afirmou que a recuperação econômica pode ocorrer mais cedo do que o esperado. Isso se deve a medidas tomadas pelos formuladores de políticas dos EUA em resposta à pandemia do coronavírus.

Países suspendendo suas medidas de quarentena muito cedo podem prejudicar ainda mais as suas economias

Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde emitiu um alerta aos países que estão correndo para suspender as medidas de quarentena afim de reduzir mais danos às suas economias.

“As restrições que muitos países adotaram para proteger a saúde estão afetando fortemente a renda de indivíduos e famílias e as economias de comunidades e nações”.

A OMS acrescentou que o financiamento da saúde é fundamental para salvar vidas e para a recuperação social e econômica a longo prazo.

“Se os países se apressarem para suspender as restrições muito rapidamente, o vírus poderá ressurgir e o impacto econômico poderá ser ainda mais grave e prolongado”.

Esta visão é apoiada por um estudo publicado recentemente pela MIT Sloan School of Management. Concluiu que as cidades que aplicam medidas restritas de quarentena terão uma recuperação econômica mais robusta.

“A suspensão das restrições muito cedo pode piorar a economia, levando ao ressurgimento do vírus em uma pandemia ainda mais destrutiva. Temos que derrotar a doença antes que a economia volte ao normal.”