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Crescimento econômico da Índia vs. dilema do desemprego

Resumo:

  • Apesar de um crescimento do PIB de 8,4% no último trimestre, a taxa de desemprego da Índia melhorou pouco, passando de 3,4% em 2013-14 para 3,2% em 2022-23.
  • A estratégia do governo centra-se nos setores tradicionais e nas despesas de capital, que não combatem eficazmente o desemprego.
  • As previsões econômicas futuras são otimistas, com um crescimento de cerca de 6,5%, mas a criação de emprego continua a ser um desafio crítico para o governo.

A Índia tem tido um desempenho notável em termos de crescimento do PIB entre os seus principais pares, mas esta rápida expansão econômica não se traduziu numa criação de emprego adequada. Dados recentes sublinham uma tendência preocupante: embora a economia tenha crescido mais rapidamente do que o esperado, com 8,4% no último trimestre do ano anterior, a taxa de desemprego apresentou apenas uma melhoria marginal ao longo da última década. O Periodic Labour Force Survey (PLFS) revelou uma ligeira diminuição de 3,4% em 2013-14 para 3,2% em 2022-23, o que contrasta fortemente com a elevada taxa de desemprego de 7,6% reportada pelo Centro de Monitorização da Economia Indiana em março.

Esta discrepância realça uma década de crescimento quase sem emprego, com a Taxa de Participação na Força de Trabalho (LFPR) a cair para níveis muito inferiores aos observados nos tigres asiáticos em rápido desenvolvimento em fases demográficas semelhantes. A situação levou a um aumento do número de trabalhadores desencorajados, agravando ainda mais a crise do emprego.

Papel da política governamental da Índia na criação de empregos

O Partido Bharatiya Janata (BJP), sob a liderança do primeiro-ministro Narendra Modi, deverá garantir um terceiro mandato consecutivo. O partido comprometeu-se a aumentar a criação de emprego quando chegou ao poder pela primeira vez em 2014, mas os impactos tangíveis destas promessas foram mínimos. Os críticos argumentam que o foco do governo nos setores de emprego tradicionais, como as infra-estruturas, a indústria transformadora e os empregos públicos, não alterou significativamente a situação do desemprego.

É necessária uma abordagem mais dinâmica e inovadora para aproveitar o potencial dividendo demográfico da Índia. A estratégia da atual administração de aumentar as despesas de capital estimula efetivamente o crescimento econômico. No entanto, requer uma ênfase paralela em políticas centradas no emprego. Os especialistas sugerem que sem um plano concreto destinado à criação de emprego, a Índia poderá não conseguir capitalizar plenamente as suas vantagens demográficas.

Previsões econômicas e direções futuras

Numa análise prospectiva, as previsões econômicas permanecem otimistas, com as projeções de crescimento para o próximo ano fiscal oscilando entre 6,5% e 6,7%. No entanto, sustentar esta trajetória de crescimento será um desafio. Este será o caso, especialmente com a expectativa de que a prudência fiscal modere os gastos do governo nos próximos anos. Alexandra Hermann, da Oxford Economics, destaca que o crescimento do ano passado beneficiou significativamente as despesas governamentais. Assim, um impulso semelhante não deve ser considerado garantido no futuro.

Além disso, com instituições globais como o Fundo Monetário Internacional a rever em alta as perspectivas de crescimento da Índia, a resiliência da economia é reconhecida. No entanto, o desafio global permanece: transformar o crescimento econômico em oportunidades de emprego substanciais.

Numa altura em que a Índia se encontra nesta encruzilhada, a tarefa urgente do próximo governo é clara. Devem formular e implementar políticas que estimulem o crescimento econômico. Além disso, estas políticas devem promover a criação de emprego substancial e sustentável. Abordar esta questão é imperativo e vital não apenas para a saúde econômica do país, mas também para garantir o bem-estar e a prosperidade da sua crescente força de trabalho.



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