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Empresas chinesas lutam para sobreviver à lista negra de Trump

O governo de Trump colocou na lista negra algumas empresas chinesas. Uma delas é a SenseTime Group Ltd. O seu cofundador de 29 anos, Xu Bing, ouviu as notícias enquanto visitava New York. Sua visita teve como objetivo aumentar a colaboração com os EUA na área de inteligência artificial.

Xu Bing, sabia que a SenseTime estava em risco devido à crescente tensão comercial entre os EUA e a China, mas o momento o chocou.

No início deste mês, ele tinha adiado o lançamento dos seus produtos mais recentes e a reunião com outros pesquisadores de inteligência artificial.

Porque a SenseTime entrou para a lista negra?

O Departamento de Comércio colocou a SenseTime e outras sete empresas na lista negra. O Departamento proibiu as empresas americanas de receberem suprimentos cruciais como semicondutores. A medida deixou seus funcionários e investidores preocupados.

Os fundadores estão atordoados por estarem presos a este fogo cruzado. Eles são estudantes que decidiram fazer dinheiro com suas tecnologias há cinco anos.

A SenseTime, cuja avaliação é de US$ 7,5 bilhões, é a maior startup de IA do mundo. Seus fundadores estão tentando tranquilizar os funcionários, investidores e clientes dizendo que eles estão tentando recorrer da decisão de colocação na lista negra e que eles cumprem todas as leis locais.

Crawford Del Pete, o presidente da IDC, uma empresa de pesquisa de mercado, disse que a colocação na lista negra impõe um risco real para as companhias de tecnologia da China.

Agora, o plano é mudar de hardware, que exige chips americanos e focar em software para reconhecimento facial e outros aplicativos.

Entretanto, os fundadores acham que eles podem sobreviver à ameaça atual. Xu diz à longo prazo, os princípios do negócio ainda são o mais importante e este será seu foco.

SenseTime é um representante de um conflito entre as duas maiores economias do mundo. A meta da China é envolver-se economicamente – mover-se além dos setores de manufatura para o de tecnologia e dominar a área de IA.

Os EUA está cada vez mais relutante sobre aceitar o crescimento da China. Os Estados Unidos argumentam que as empresas como Huawei Technologies Co roubam a propriedade intelectual e ameaçam a segurança nacional.

Eles argumentam também que as startups como SenseTime e Megvii Technology Ltd violam os direitos humanos na região de Xinjiang.

SenseTime preparada para o pior  

No ano passado, a SenseTime levantou US$ 2,5 bilhões dos investidores, que incluem o SoftBank Group Corp. do Japão e o Temasek Holdings Pte de Cingapura. A medida esconde a necessidade de oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) em breve.

O maior desafio para a SenseTime é que perderá acesso aos semicondutores dos EUA, particularmente da Nvidia Corp. Eles incorporam chips a câmeras de IA e outros hardwares que a SenseTimes vende para corporações e agências do governo.

Sem os chips, a companhia irá comercializar softwares aos clientes ou revendedores e eles irão instalar sozinhos. Isto reduzirá o crescimento da receita uma vez que o hardware é responsável por cerca de metade de sua receita. As vendas de software tendem a ter uma margem maior de lucro.

As pessoas familiarizadas com o assunto dizem que é provável que a venda da SenseTimes irá triplicar em cerca de US$900 milhões. Eles acrescentaram que o crescimento poderá enfraquecer, mas a receita ainda dobrará anualmente para os próximos três anos.

Xu Li, o CEO da SenseTime e outro fundador, disseram que eles estavam preparados para o jogo à longo prazo.

Não foi fácil para Xu Li. Eles gastaram muito tempo recrutando estudiosos mais do que clientes. Os vendedores céticos fugiram até que um investidor de venture propôs a ele definir um plano de negócio. O investidor disse a Xu Li que contratar PhDs e publicar artigos científicos não montariam uma empresa mais sim uma universidade.

Noves meses nisto e sem nenhuma venda, Xu tropeçou em uma oportunidade. O empréstimo Peer-to-peer, estava chegando à China, mas a fraude era um desafio importante e as empresas precisavam desesperadamente de ajuda.

O que a SenseTime está fazendo para a China?

A SenseTime desenvolveu solução para fazer exames de rosto com movimento, como virar a cabeça piscando ou colocar a língua para fora. Tudo isso foi maneiras pelas quais as empresas provariam que os usuários eram pessoas reais.

O primeiro cliente pagou 20 milhões de yuans (US$ 2,8 milhões). Logo, várias empresas estavam procurando seus serviços.

A seguir, a Xiaomi Corp, uma fabricante de smartphones, pediu a SenseTime para criar álbuns customizados de fotos para seus usuários.

A Bytendance Inc., a matriz da ikTok, um aplicativo de vídeo, pediu a SenseTime para montar filtros que embelezavam. Os filtros podem afinar seu rosto e tem uma complexidade de tons em tempo real enquanto cantam e dançam.

A tecnologia de câmera de segurança da SenseTime foi lançada com os órgãos públicos de segurança da China possuindo cerca de 30 milhões de câmeras de vigilância. Entretanto, apenas 1% eram câmeras inteligentes capazes de analisar o que estavam gravando.

Custa de US$ 500 à US$ 3.000 para fazer o upgrade de um dispositivo, dependendo de quantos recursos você quer. Os recursos incluem identidade facial, tráfego, explosão ou incêndio.

Os upgrades do software para as câmeras do governo são responsáveis por cerca de 35% das receitas da SenseTime.

Os outros 65% vêm dos clientes comerciais como shoppings, desenvolvedores de propriedade e provedores de celulares.

Em 2016, havia cerca de 176 milhões de câmeras de vídeos de segurança monitorando as ruas da China, espaços públicos e prédios comparados com os 50 milhões nos EUA, revelou a IHS Markit.

A SenseTime está explorando outros mercados. Está desenvolvendo tecnologia de câmera semelhante para educação, saúde, logística e carros sem motorista.

Xu tem pressionado a SenseTime a desenvolver seus próprios chips de IA e expandir para o Japão, Sudoeste e Coréia do Sul. A ideia é que a China crie chips equivalentes via Huawei, Alibaba ou SenseTime, mesmo que perca o acesso aos chips dos EUA.

A Megvii, outra startup de IA da lista negra, está avançando com seus planos de IPO. Eles estão testando para ver se os investidores irão absorver os riscos da lista negra. A Megvii também diz que vai combater a proibição dos EUA e que não fez nada de errado.



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