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Dívida obscurece a recuperação europeia 

A UE vai superar a crise mais grave de sua história, causada pela pandemia, às custo de atingir uma dívida recorde. A atual turbulência financeira ocasionou o aumento da relação dívida pública com o PIB de 79,7% para 87,8% na UE.

Essa carga será intolerável para meia dúzia de países: Grécia, Itália, França, Portugal, Bélgica e Espanha. Criando, assim, dúvidas quanto à sustentabilidade de suas contas públicas a médio e longo prazo, como a Comissão Europeia anunciou no início de novembro.

Economistas costumam concordar que a dívida pública é sustentável se ela puder crescer acima dos custos de financiamento. Além disso, esse crescimento reduz a carga da dívida, quando medida em relação ao PIB.

O Banco Central Europeu (BCE) desempenhará um papel essencial nesse esforço. Seu programa de compra de dívida de 1,35 trilhão de euros, ativado contra a pandemia, e suas taxas próximas a zero, mantiveram as taxas de juros em torno de 1% para títulos de dez anos no caso da Itália e Espanha.

Analistas acreditam que, enquanto o BCE comprar 75% da dívida que esses países emitem, não haverá problemas. No entanto, quando parar, será muito perigoso. Esses países podem ser forçados a fazer ajustes muito abruptos.

O Eurogrupo e a Comissão Europeia descartaram novos estímulos europeus. Porém, a presidente do BCE, Christine Lagarde, prometeu que agirá novamente com determinação em dezembro.

Duração do programa de compra de dívida do BCE

Para impulsionar esse crescimento, a UE concordou com o novo fundo de recuperação de 750.000 milhões de euros em julho passado, o qual visa financiar investimentos e reformas nos Estados-membros. O fundo, que ainda está em processo de aprovação por parte dos Estados-membros, será financiado com um endividamento recorde permitido pela UE. Ele aliviará parte do custo da recuperação, especialmente para Itália e Espanha. Esses dois países não só estão entre os mais endividados, mas também entre os mais afetados pela pandemia.

Segundo os economistas Lorenzo Codogno e Giancarlo Corsetti, precisamente o impacto do enorme estímulo europeu pode dar asas à pequena inflação. Isso forçaria o BCE a considerar começar a parar os estímulos. No entanto, os economistas estão levando em conta a evolução da inflação nos últimos anos e o paradigma atual. Por conta dos quais bancos centrais como o Fed estão dispostos a exceder sua meta de inflação para apoiar a política fiscal. Eles acreditam que o BCE agirá com cautela, e não repetirá os erros da crise passada.

Mesmo com forte apoio do BCE no médio prazo, alguns acreditam que a receita de crescimento não será suficiente, especialmente em um ambiente de tanta incerteza.



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