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Desafio econômico: batalha chinesa contra a deflação

Em uma reviravolta preocupante, a recuperação econômica chinesa enfrenta um obstáculo formidável. Enquanto a deflação se instala, os preços ao consumidor registraram uma queda anual de 0,3% em julho. 

Vale observar que o índice de preços ao produtor, um indicador importante dos preços de fábrica, mostra um quadro mais sombrio com queda de 4,4% no mesmo mês. 

Esses números ressaltam a complexidade com a qual os formuladores de políticas estão lutando, ao mesmo tempo que se esforçam para revigorar os gastos do consumidor.

Navegando no cenário de queda

A recente queda na deflação marca um momento crítico para a economia da China. Os preços ao consumidor caminham para território negativo pela primeira vez desde o início de 2021. 

Enquanto isso, o governo enfrenta pedidos intensificados por maiores medidas de estímulo. Ao mesmo tempo em que enfrenta a desaceleração do setor imobiliário e as fraquezas do comércio, a economia encontra-se em uma encruzilhada que exige ação imediata e eficaz.

Eswar Prasad, especialista em finanças chinesas da Cornell University, alerta para uma espiral deflacionária iminente. Prasad também enfatizou a urgência da intervenção para salvaguardar o crescimento e manter a confiança do setor privado. 

De todo modo, ações rápidas e resolutas do governo tornam-se imperativas para evitar uma maior deterioração econômica.

Caminho único para a China

Ao contrário de outras grandes economias que buscaram conter os impactos da pandemia com extensos pacotes de estímulo, a China adotou uma abordagem distinta. 

Sua política de Covid zero de três anos destinada a controlar o vírus o diferenciou da tendência de inflação global observada em outros lugares. Entretanto, apesar desse empenho, o cenário econômico atual revela uma história diferente.

Respostas e realidades políticas

Os formuladores de políticas projetaram otimismo por meio de cortes nas taxas e incentivos fiscais favoráveis ​​aos negócios. No entanto, medidas de estímulo substanciais permanecem indefinidas. 

O reconhecimento do comitê executivo do Partido Comunista de uma recuperação de “progresso tortuoso” sinaliza a necessidade de medidas mais proativas para expandir a demanda doméstica.

Além disso, no contexto de uma meta do governo de crescimento do PIB de 5% para 2023, a menor em décadas, dados fracos persistentes levantam preocupações sobre as perspectivas do país. O fraco crescimento de 0,8% entre o primeiro e o segundo trimestres, juntamente com um declínio de 14,5% nas exportações de julho em relação ao ano anterior, ressalta a gravidade do desafio em questão.

Fatores reveladores

O economista Dan Wang, de Xangai, atribui a inflação e os problemas comerciais à diminuição do poder de compra do consumidor e à confiança vacilante. Além do mais, a flutuação dos preços ao consumidor nos últimos anos, particularmente influenciada pelos preços da carne suína, adiciona complexidade ao cenário da inflação.

Vale ressaltar que os preços ao produtor, em grande parte ditados pelos custos das commodities e matérias-primas, permaneceram em território negativo por dez meses consecutivos. Dessa maneira, se alinha com a contração do setor manufatureiro por quatro meses consecutivos, refletindo a demanda cada vez menor por exportações chinesas.

Conclusão

Enquanto o país enfrenta esses ventos econômicos contrários, cresce a expectativa para os próximos lançamentos de dados que fornecerão informações sobre a produção industrial e as vendas no varejo de julho. Esses indicadores lançarão mais luz sobre a saúde da China e sua trajetória diante dos desafios atuais.

Em meio a essa luta multifacetada contra a deflação, os formuladores de políticas chineses seguram as rédeas do destino da economia. No entanto, ações decisivas para estimular a demanda doméstica e minimizar os riscos de uma espiral deflacionária serão a chave para garantir um futuro econômico estável e resiliente.



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