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Como a UE planeja restringir o petróleo russo

 

A Comissão da União Europeia (UE) propôs sanções mais duras contra a Rússia como parte da sexta rodada das medidas de retaliação após a invasão na Ucrânia. Como parte das punições, inclui um embargo de petróleo russo que será dividido em fases. 

Na quarta-feira, o presidente da Comissão Europeia informou que o embargo tem como objetivo a proibição total à importação de petróleo russo. Isso inclui o petróleo marítimo e de oleoduto, além de petróleo bruto e refinado.

É importante frisar que será necessário o apoio de todos os países membros da UE para a realização do projeto. Contudo, alguns países do bloco, que conta com 27 membros, expressaram oposição a um embargo abrangente, já que algumas regiões dependem muito do petróleo russo. 

Embaixadores de países da UE não chegaram a um acordo, no entanto, as discussões devem ser retomadas na quinta-feira.

Vale notar que a Comissão Europeia está tentando cortar o fornecimento de petróleo bruto russo por seis meses, mas a Eslováquia e a Hungria podem conceder um prazo mais longo para se adaptarem ao embargo, com prazo até final de 2023.

Além disso, as medidas que serão impostas incluem uma proibição de um mês de todos os serviços de transporte, seguro e financiamento que as empresas da UE oferecem para transportar petróleo russo em todo o mundo. Claramente, isso afetará potencialmente a capacidade de Moscou de encontrar compradores alternativos. 

O Sberbank e duas outras instituições financeiras também entram nessa rodada de sanções, pois serão retirados do sistema de pagamento SWIFT, de acordo com a sugestão de Charles Michel, presidente da UE.

Planos da UE e Rússia

Se acordado, o embargo seguirá os EUA e o Reino Unido, que impuseram proibições para reduzir um dos fluxos de receita mais significativos para a economia russa. Assim, os embaixadores dos 27 governos da UE devem receber a proposta ainda nesta semana e isso permitirá que se torne lei em breve. 

Em abril, um embargo semelhante ao carvão russo foi imposto pela União Européia e imediatamente colocado em vigor. 

Um porta-voz do Kremlin informou na quarta-feira que a Rússia está procurando uma opção diferente na preparação para um embargo de petróleo da UE. O país russo é o maior fornecedor de petróleo da Europa, fornecendo 26% das importações da commodity do bloco até 2020. A Polônia, Alemanha e Holanda são seus maiores compradores da Europa.

O continente europeu pagou à Rússia 14 bilhões de euros em petróleo há dois meses. A Comissão Europeia está trabalhando para acelerar o fornecimento de energia alternativa para reduzir o custo da proibição do petróleo russo. No entanto, devido à falta de alternativas suficientes e com preços moderados, é provável que a UE enfrente um aumento dos impostos sobre a energia ou uma diminuição da atividade econômica.

De acordo com um analista político russo, Moscou provavelmente encontrará outros compradores fora da Europa, incluindo China e Índia. Ele ainda informou que a UE está enfrentando preços mais altos para importações alternativas de petróleo e a previsão é que a Europa continuará comprando petróleo russo por meio de países terceiros, assim que impor um embargo.

Gás Natural

As sanções ao gás natural ainda não foram impostas, pois a potencial proibição não foi adequadamente abordada devido à dependência da UE. Em 2021, a União Europeia importou mais de 4% do seu consumo total de gás da Rússia.

Vale lembrar que após cortes de gás no inverno de 2006-2009 em alguns países do Leste Europeu, a UE vem trabalhando em uma política energética padrão para fortalecer sua segurança energética e seu mercado interno de energia.

Além disso, em 2021 a energia representou 62% do total das importações da UE da Rússia, sendo que em 2011 essa porcentagem foi de 77%. No entanto, o bloco ainda está longe de encerrar sua dependência das importações russas de energia. Os líderes europeus querem agir rapidamente contra a Rússia, porém, estão presos à realidade das decisões que os governos europeus vêm tomando há décadas, época em que era possível acordo com o presidente russo.

Contudo, a Comissão da UE tomou medidas para acabar com sua dependência do gás russo, em 8 de março, publicou seu plano REPowerEU descrevendo as devidas medidas. Entre elas, reduzir drasticamente as importações de gás russo até o final do ano e alcançar a independência completa dos combustíveis fósseis russos até o final da década.

Conclusão

A Eslováquia recebe quase todas as matérias-primas importadas da Rússia e o oleoduto da era soviética se juntou à Hungria, o qual também depende fortemente de suprimentos russos.

Segundo o ministro da economia eslovaco, Karol Galek, o país concorda com o artigo, no entanto, precisa de um período de transição antes que a situação se ajuste e garanta suprimentos alternativos.

A Hungria informou que não pode apoiar o embargo proposto, pois prejudicaria sua segurança energética. Assim, o pacote de sanções proíbe o fornecimento de petróleo da Rússia para a Europa, com a ressalva no caso da Hungria até o final do próximo ano. Entretanto, o país só pode concordar com essas medidas apenas se a importação de petróleo bruto da Rússia através do oleoduto estiver isenta de sanções.

Sendo assim, Eslováquia, República Tcheca, Hungria e Bulgária expressaram preocupação com o plano de embargo de petróleo. 

 



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