Toyota e a revolução da tecnologia verde
A Toyota reajusta sua estratégia de hidrogênio, visando conquistar os mercados europeu e chinês em uma tentativa de dominar o emergente setor de tecnologia verde H2.
A montadora japonesa pretende vender impressionantes 200.000 veículos com essa tecnologia até 2030. A empresa se concentra principalmente em caminhões, embora os carros de passeio também façam parte do plano.
Uma mudança estratégica: a nova direção da Toyota
Essa decisão da Toyota marca um ponto de virada significativo para a empresa. Já que a afasta de seu foco anterior em automóveis de passageiros e do mercado norte-americano.
Vale lembrar que há cerca de uma década atrás, a Toyota lançou o Mirai FCEV, visando o nicho de mercado na Califórnia. No entanto, não conseguiu alcançar um sucesso substancial na época.
Revitalizando o mercado: números de vendas da Toyota
No entanto, reconhecendo a necessidade de mudança, a empresa está de olho na Europa. De acordo com pesquisas, o impacto potencial do hidrogênio no segmento de serviço pesado provavelmente fará uma diferença significativa lá.
Como resultado, a montadora tem liderado ativamente o desenvolvimento da infraestrutura de hidrogênio na Europa. Além disso, esta semana, o Parlamento Europeu confirmou os regulamentos de infraestrutura que exigem paradas H2 a cada 200 km nas principais estradas europeias até 2028.
Meta ambiciosa da Toyota: “200.000 é apenas o começo”
O diretor de tecnologia da Toyota, Hiroki Nakajima, falou à imprensa e afirmou que isso pode parecer estranho, mas 200.000 veículos não é um número grande. Além do mais, a empresa acredita que pode atingir esse número e muito mais.
Ao mudar seu foco para a China e a Europa, onde a produção e a demanda de hidrogênio são maiores, a montadora pretende reduzir os custos. Nakajima também revelou que a empresa planeja fortalecer as colaborações com outras montadoras, firmando novas parcerias para acelerar o progresso.
Expansão da produção: a pegada global da Toyota
Segundo relatos, a Toyota pretende iniciar a produção de powertrain com célula de combustível em sua fábrica de Kentucky, nos Estados Unidos, até dezembro deste ano.
Inicialmente, o foco será em caminhões pesados, com planos de fornecer trens de força para outros fabricantes. Dessa maneira, já iniciou colaborações com empresas como Paccar nos EUA, VDL Group na Holanda e Hyliko na França.
Além disso, a Toyota recentemente chegou a um acordo com a Daimler Truck. A empresa fundiu sua subsidiária de caminhões Hino com a divisão de caminhões da Daimler, Mitsubishi Fuso. Dessa forma, desenvolverão em conjunto soluções de hidrogênio e outras soluções de eletrificação.
Redução de custos e eficiência: metas futuras da Toyota
Para equilibrar a produção de células de combustível, o chefe de engenharia da Toyota, Nakajima, enfatiza a necessidade de atingir um volume de produção mensal de pelo menos 10.000 unidades.
Dessa forma, a montadora planeja lançar seu sistema de célula de combustível de hidrogênio de próxima geração, visando uma redução de 50% nos custos de pilha de células de combustível, uma redução de 25% nos preços de combustível e uma melhoria de 20% no alcance.
Estratégia de eletrificação da Toyota: uma abordagem multifacetada
Em junho de 2023, a Toyota revelou sua estratégia abrangente de eletrificação, que coloca maior ênfase em soluções elétricas de bateria, incluindo avanços na tecnologia de estado sólido.
Apesar dessa mudança, a empresa afirma seu compromisso com uma abordagem multifacetada, integrando células de combustível com powertrains elétricos a bateria.
Assim, a Toyota espera que o mercado global de células de combustível suba para cerca de US$ 35 bilhões até 2030, sendo um notável aumento de 15 vezes em relação a 2020. Essa previsão otimista é baseada em projeções da empresa de pesquisa de mercado Fuji Keizai.
Perspectivas diferentes: Toyota vs. BP
Embora a Toyota permaneça firme em seu compromisso com o hidrogênio, um ponto de vista contrastante emerge do recém-lançado “BP Energy Outlook 2023” da BP.
A BP, a gigante petroquímica, considera o potencial de mercado para carros H2 praticamente inexistente entre 2035 e 2050. No entanto, continua interessada em utilizar o hidrogênio para processos “difíceis de eletrificar”, como os encontrados nas indústrias siderúrgicas, químicas, em suas próprias refinarias de petróleo, bem como na navegação e na aviação.
Por outro lado, como a Toyota está de olho na China e na Europa, resta saber se a revolução da tecnologia verde os levará à vanguarda da transformação verde da indústria automotiva.