Rússia enfrenta riscos no Afeganistão 

Especialistas geopolíticos alertaram que o desenvolvimento da crise no Afeganistão produz riscos reais para a Rússia e a Ásia Central. Enquanto isso, o Kremlin tenta reivindicar uma vitória da propaganda contra os EUA.

Inicialmente, a resposta da Rússia à ascensão do Talibã parecia celebrar o colapso do treinado governo afegão que é apoiado pelos americanos. Dmitry Zhirnov, embaixador da Rússia em Cabul, aplaudiu o governo do Talibã e afirmou que o grupo ajudou a capital afegã nas primeiras 24 horas a ficar mais segura após a saída dos EUA. 

Isso ocorreu apesar do fato da Rússia ter oficialmente reconhecido o grupo como uma organização terrorista.

Durante uma webinar, Kate Mallinson, membro associado do Programa Rússia e Eurásia da Chatham House, disse que os russos sentem que alcançaram um triunfo significativo. Acrescentando que eles acham que vão recuperar sua influência na Ásia Central. 

Até hoje, a Rússia tem uma influência econômica e militar significativa sobre as ex-repúblicas soviéticas na Ásia Central, incluindo o Turcomenistão, o Tadjiquistão e o Uzbequistão. 

Tais países fazem fronteira direta com o Afeganistão. Mallinson acrescentou que esse tipo de vitória da propaganda parece glorioso em um contexto muito ruim.

Na quarta-feira, a Rússia iniciou seus planos de retirada, enviando aviões militares para evacuar seus aliados regionais e cidadãos russos.

O tempo está se esgotando

Os representantes do Kremlin insistiram que os EUA não deveriam transferir a responsabilidade pelo colapso do Afeganistão para outros. Além disso, os canais da mídia estatal tentaram descrever a saída dos americanos como um golpe relevante.

Na quarta-feira, o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, disse que a situação está ocorrendo enquanto o tempo está se esgotando. Acrescentou ainda que o problema permanece extremamente preocupante,  ao mesmo tempo em que o acompanha de perto, mantendo as suas preocupações.

Anteriormente, Putin disse esperar que o Talibã cumpra as promessas de retomar a ordem, ao mesmo tempo afirma que é essencial não permitir que os terroristas entrem nos países vizinhos.