Reflexo da guerra no petróleo importado pela índia
Apesar de parecer uma lógica estranha, a Índia pretende aumentar as importações de petróleo e carvão russos para minimizar o impacto da disparada dos preços.
Os exportadores de energia russos estão oferecendo cargas com grandes descontos, já que os compradores tradicionais na Europa e na Ásia evitam commodities russas após o ataque de 24 de fevereiro à Ucrânia.
No entanto, a Índia permaneceu firmemente leal ao seu aliado de longa data, recusando-se a condenar a invasão. Assim, Nova Délhi está recorrendo ao petróleo e ao carvão russos.
Dado que os graus russos de carvão térmico são semelhantes ao que a Índia já importa da Austrália e da África do Sul, o carvão russo é o melhor substituto imediato para a Índia.
Há também um comércio bem estabelecido de combustíveis poluentes, o que significa que os compradores indianos já têm contatos com exportadores russos.
De acordo com dados da Refinitiv, a participação da Rússia nas importações de carvão da Índia é relativamente pequena, representando apenas 3,4% em 2021, com 5,54 milhões de toneladas de um total de 164,8 milhões de importações.
Vale salientar que a Austrália foi o maior fornecedor da Índia, transportando carvão térmico e coqueificável, com 64,91 milhões de toneladas, seguidos da Indonésia com 47,42 milhões e África do Sul com 23,01 milhões. Dado o aumento maciço dos preços de referência desses fornecedores, a Índia procuraria substituir as cargas australianas e sul-africanas por suprimentos russos.
Na quarta-feira, a globalCOAL avaliou o carvão térmico australiano no porto de Newcastle em US$ 336,71 por tonelada, que embora abaixo das altas recentes acima de US$ 400, ainda está bem acima dos US$ 226,39 da semana anterior ao ataque russo.
Desafios
Mesmo que os preços do carvão na Austrália e na África do Sul voltassem aos níveis pré-invasão na Ucrânia, eles ainda seriam muito altos para grande parte das concessionárias indianas, vendendo eletricidade com prejuízo.
Enquanto a índia luta para garantir o carvão russo, compradores na Europa buscam mais cargas da África do Sul. Além disso, alguns importadores asiáticos, como Japão e Coreia do Sul, podem ser forçados a comprar mais da Austrália para substituir os suprimentos russos.
Outro fator importante que favorece a decisão da índia em buscar mais petróleo bruto russo são os descontos oferecidos dos Urais, isto é, mais de US$ 30 por barril em relação ao Brent de referência global.
Assim como o carvão, a Índia não tem sido um comprador significativo do petróleo russo. A Refinitiv Oil Research estima influxos de cerca de 350.000 toneladas por mês em 2021, isso equivale a cerca de 84.000 barris por dia (BPD), uma pequena fração do total do país do sul da Ásia de cerca de 4,2 milhões de BPD.
A Índia também deve pesar os benefícios de obter petróleo com desconto, pois a provável publicidade global negativa associada ao apoio aos russos poderá refletir negativamente no cenário internacional.
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