Mais países podem reagir a bloqueio do Facebook na Austrália

O Facebook lançou um desafio ao governo australiano na quarta-feira depois que este último anunciou um projeto de lei, que faria as plataformas de redes sociais pagarem por conteúdos de notícias. Embora o governo já esteja contemplando essa lei há algum tempo, parece que as chances de a aprovar aumentaram.

Apesar de os legisladores australianos ainda discutirem várias possibilidades, a gigante da tecnologia reagiu para ganhar vantagem. O Facebook pretendia mostrar à Austrália o que perderia sem sua plataforma, mas parece que a empresa exagerou. O bloqueio de todo o conteúdo de notícias locais e globais na plataforma levou o conflito a um novo nível.

Existe a possibilidade de que outros governos sigam o caminho da Austrália, puramente por princípio para provar que os gigantes das redes sociais não podem controlá-los ou influenciá-los. Assim, o movimento ousado do fundador do Facebook de impor um “apagão” de notícias no país, poderia facilmente fazer políticos em todo o mundo repensarem como regulam essas empresas.

Em sua busca para provar que os australianos estavam errados, a empresa bloqueou não apenas organizações midiáticas, mas também sites de saúde do governo. Como resultado, o acesso do país a informações sobre o coronavírus e outras emergências de saúde repentinamente não estavam disponíveis no Facebook.

Após esse movimento, a empresa enfrentou uma onda de indignação, não apenas de políticos e jornais australianos, mas de todo o mundo.

O congressista democrata dos Estados Unidos, David Cicilline, declarou que o Facebook não era compatível com a democracia. Ele acrescentou que “colocar um país inteiro de joelhos é admitir o próprio monopólio”.

Além disso, Julian Knight (MP), quem preside o Comitê de Assuntos Digitais, Cultura, Mídia e Esportes do Parlamento do Reino Unido, apontou que o Facebook estava se comportando como um “bully”.

Possíveis consequências do conflito

Embora outros países não possam ir tão longe quanto a Austrália, que exigiu que as empresas de tecnologia pagassem pelo privilégio de compartilhar um link de notícias, eles podem encontrar outras maneiras de obter maior controle sobre como as empresas oferecem esse tipo de serviço.

Muitos governos já estavam preocupados sobre como seus jornais viram as receitas publicitárias desaparecerem na era online. Eles podem sentir que é hora de mostrar que também podem ser mais duros com os gigantes da tecnologia.

No entanto, nem todos concordam que a Austrália tem a abordagem certa. Sir Tim Berners-Lee, considerado o pai da internet, está preocupado com o fracasso da empresa em combater a disseminação de desinformação. Ele acha que, caso a ideia de forçar gigantes da tecnologia a pagar por certos links se espalhar pelo mundo, isso poderia tornar a internet como a conhecemos hoje inviável.