Como CBDCs influenciaram o universo cripto em 2020

É difícil imaginar que, apenas três anos atrás, o discurso geral sobre moedas digitais do banco central, ou CBDCs, se concentrou principalmente no potencial e na possibilidade de emiti-las. Mesmo em 2019, a questão era se precisávamos de criptomoedas estatais. Apenas 70% dos bancos centrais em todo o mundo estão estudando o potencial de emissão de CBDC. Mas, em 2020, tudo mudou.

O ano de 2020 começou com um evento significativo no mundo financeiro: o Fórum Econômico Mundial em Davos. O WEF lançou um kit de ferramentas para os legisladores sobre a criação de CBDCs. E, de acordo com um relatório recente do BIS, 80% dos bancos centrais do mundo já estão avaliando a adoção das novas moedas.

A inevitabilidade da moeda digital do Banco Central se tornar um fenômeno global tornou-se realidade este ano. Uma tendência importante também ficou clara. Os bancos centrais das economias de mercados emergentes estão se movendo para emitir CBDCs mais rápido do que os países desenvolvidos. Estes últimos estão tomando uma postura mais cautelosa. O Banco Central Europeu está discutindo o lançamento de uma fase de consideração para um euro digital este ano. O lançamento de uma moeda como essa é um plano de pelo menos cinco anos. De acordo com Timothy Lane, vice-governador do Banco do Canadá, o país também está desenvolvendo uma CBDC em um “bom ritmo”.

EUA e China na corrida pelas CBDCs

A situação é bem diferente para as principais economias do mundo, os Estados Unidos e a China. Sua competição tecnológica resultou em uma “guerra fria digital”. O projeto chinês de yuan digital, conhecido como DCEP, já existe há anos. Em 2020, o projeto fez progressos significativos, embora muitos detalhes permanecessem limitados. 

Preocupações sobre a emissão de um dólar digital antes do yuan digital abriram o ano. Isso seguiu ao lançamento do modelo Digital Dollar Project. 

A conversa sobre essa competição tecnológica entre os dois países foi até levada ao Senado dos EUA, e alguns argumentaram controversamente que as eleições americanas de 2020 selaram a vitória da China na liderança da CBDC.

A China não pretende substituir o dólar americano pelo yuan digital. Parece que os esforços colaborativos entre as duas grandes potências para desenvolver a CBDC poderiam de fato ser a melhor opção para o mundo.

Pode haver muitas razões para um desenvolvimento tão rápido da CBDC em todo o mundo. As CBDCs começaram a ser vistas como uma ferramenta apropriada para resolver o sistema financeiro. Ainda assim, o principal motivo é a pandemia de Covid-19, que, ao mesmo tempo que se tornou um desafio severo para as economias globais, tem impulsionado o crescimento tecnológico da humanidade em pelo menos 20 anos.