Bancos de Cingapura Podem Ser Prejudicados por Bancos Virtuais

A agência de classificação de risco Moody’s afirmou que a decisão de Cingapura de aprovar a emissão de novas licenças bancárias digitais para não-bancos será prejudicial para os bancos menores.

A Autoridade Monetária de Cingapura (MAS) anunciou na semana passada que vai emitir novas licenças bancárias digitais – até cinco – para não-bancos.

Segundo o banco central – assim como os reguladores, ela emitirá até duas licenças bancárias digitais completas. Elas permitirão que empresas não bancárias tenham rendimentos com depósitos de clientes de varejo.

O banco central também permitirá a distribuição de até três licenças digitais no atacado, permitindo que empresas atendam entidades de pequeno e médio porte, além de outros segmentos não varejistas.

O vice-presidente da Moody’s Investors Service, Simon Chen, disse em um comunicado que o anúncio da MAS é “negativo para o crédito” para os bancos estrangeiros pequenos de Singapura.

Ele indicou que as classificações de crédito dos bancos podem sofrer o dano, por sua vez.

“Suas modestas franquias domésticas enfrentarão um maior risco de perturbação por parte dos bancos digitais entrantes”, afirmou Chen.

A Moody’s descreveu as novas licenças digitais como uma abertura de portas para muitas empresas de fintech. Com essas licenças, surgem oportunidades para utilizar tecnologia avançada e análises aprimoradas de dados a custos mais baixos; preparando o caminho para oferecer melhores serviços bancários.

O setor bancário da cidade-estado é dominado por três grandes representantes nacionais – o DBS Group, o Oversea-Chinese Banking Corp. e o United Overseas Bank.

Tais empresas têm liderado “esforços de digitalização” no Sudeste Asiático (SEA) e têm a tecnologia necessária para “defender suas posições inativas contra as novas fintechs”, disse Moody.

Bancos menores, como o Malayan Banking Berhad (Maybank) e o Banco Industrial e Comercial da China, têm se concentrado em melhorar suas atividades de banco de varejo em Cingapura, acrescentou a Moody’s.

Vários bancos estrangeiros também começaram a participar e avançar nos esforços de digitalização; no entanto, suas operações de negócios em Cingapura permanecem um pouco irrelevantes para as estratégias gerais de negócios, explicou a agência de classificação de risco.

“Isso significa que é improvável que eles se beneficiem do pronto acesso a novos investimentos digitais”.

Perspectivas de Investimento Digital das Empresas de Tecnologia

Segundo relatos, a empresa start-up de pagamentos internacionais InstaReM está se preparando para solicitar uma licença de banco digital em Cingapura, enquanto a empresa de tecnologia de periféricos de jogos Razer também está considerando isso.

A Grab, uma das start-ups mais populares do Sudeste Asiático, que detém uma fatia dominante de seu mercado, também pode considerar a possibilidade de se inscrever para a referida licença. Embora a Grab tenha começado como uma empresa de transporte, ela possui serviços financeiros – incluindo pagamentos digitais, empréstimos e seguros – que estão disponíveis em toda a região.

Uma publicação de notícias informou no mês passado, antes da decisão da MAS, que a gigante dos transportes estava explorando uma mudança para o sistema bancário de Cingapura.

Reuben Lai, diretor administrativo sênior do Grab Financial Group, disse a outra publicação na quarta-feira que a empresa estudará “de perto os requisitos de licenciamento para bancos digitais”.

Lai acrescentou que a Grab manterá a “mente aberta” enquanto avalia a melhor maneira de realizar a mudança, “incluindo se deve trabalhar com parceiros adequados”.

Além de Cingapura, Hong Kong também tem uma estrutura para licenças bancárias digitais. Nos meses anteriores, a Autoridade Monetária de Hong Kong (HKMA) começou a conceder licenças bancárias puramente digitais para empresas apoiadas pelo Tencent, o Standard Chartered, o Ant Financial, e mais.